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Onde pára a RIAA?
Contribuído por AsHeS em 25-09-03 12:56
do departamento da musica
News hannibal escreve "Depois de anunciadas perdas de vários milhões de euros, com tendência sempre a aumentar, e de se saber que a RIAA irá processar 261 "filetraders", é a vez dos criadores do kazaa ripostarem com um processo contra a RIAA.
Ainda no seguimento dos processos iniciados pela RIAA, após terem processado uma rapariga de 12 anos, foi agora a vez de um escultor de 66 anos que por sinal até estava inocente... "

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Referências
  • CNN
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  • Esta discussão foi arquivada. Não se pode acrescentar nenhum comentário.
    no comments (Pontos:2)
    por racme em 25-09-03 13:12 GMT (#1)
    (Utilizador Info) vendetta.guildsoftware.com
    When reporters charged into Brianna's home, she was helping her brother with some homework. She is an honors student at St. Gregory the Great school.

    Brianna could face charges of up to $150,000 per infringed song, but we have a feeling this might be a tad unrealistic. We suggest the RIAA take all of her toys instead.

    "Nobody likes playing the heavy and having to resort to litigation," RIAA president Cary Sherman said in a statement. "But when your product is being regularly stolen, there comes a time when you have to take appropriate action."

    Go get her, Cary. ®


    no comments



    Those who do not understand Unix are condemned to reinvent it, poorly.
    -- Henry Spencer
    Re:no comments (Pontos:1)
    por smsp em 25-09-03 19:56 GMT (#10)
    (Utilizador Info)
    Não sei porquê, mas esse caso cheira-me a esturro; parece-me um golpe publicitário bem ingénuo, ou, aliás, talvez não o fosse ao inicio, mas parece-me que algum dinheiro (ou perdão a dividas) se movimentou por detrás, nos bastidores do caso, em troca de certas frases, como por exemplo, quando a rapariga afirmou "não repetirei o meu crime, não sabia que estava a magoar tanto os artistas de que tanto gosto," ou algo do género. Ora digam lá, parece uma conclusão a que uma normal rapariga de 12 anos chegaria após ser processada numa quantia astronómica?

    pelo menos dá que pensar.

    smsp.

    Perdas... (Pontos:2)
    por biduxe em 25-09-03 14:09 GMT (#2)
    (Utilizador Info)
    O meu sonho era ter tantas "perdas" como eles... Ah como seria um desgraçado então. Tou a imaginar o mundo inteiro com pena de mim.
    ------ EOFim.
    Imoral (Pontos:2)
    por André Simões em 25-09-03 16:34 GMT (#3)
    (Utilizador Info) http://andre.catus.net
    Mas eles acham que chegam a algum lado a processar crianças e sexagenários? Até podem ganhar os processos, mas serão sempre vitórias de Pirro.

    ---
    Omnia aliena sunt: tempus tantum nostrum est. (Séneca)
    "Tudo nos é alheio: apenas o Tempo é nosso."

    Re:Imoral (Pontos:2)
    por joao em 25-09-03 17:07 GMT (#4)
    (Utilizador Info) http://www.nonio.com
    Compara esta afirmação:

    "As produtoras deviam baixar os preços em vez de reprimir os piratas porque conseguiriam ganhar mais dinheiro"

    com esta:

    "O estado devia baixar os impostos em vez de reprimir quem foge ao fisco porque conseguirá cobrar mais impostos"



    ----
    joao
    nonio.com - ciência, tecnologia e cultura
    Re:Imoral (Pontos:2, Interessante)
    por elcastigador em 25-09-03 18:35 GMT (#5)
    (Utilizador Info) http://pedroclaro.no.sapo.pt
    1. Uma coisa é pagares para um bem de consumo (CD,DVD,JOGO,etc) outra, é pagares para uma coisa que nunca irás ver o resultado como algo verdadeiramente teu (impostos).

    2. Acho muito mais imoral não pagar impostos (porque é algo para o bem de todos, pelo menos teoricamente e é um dever cívico) do que andar a downloadar umas MP3s.

    3. Com quem te sentirias melhor num jantar,por exemplo, com um amigo teu que anda a ripar uns DVDs ou com um gajo que anda a ser processado por fraude fiscal?

    4. A industria musical e cinematografica ganha rios de dinheiro. Quem gosta mesmo de um grupo compra o CD. Quem gosta mesmo de um filme, vai ao cinema. Quem gosta mesmo de um jogo, compra-o para jogar on-line.

    6. Pagar impostos é um dever não é um direito. Acho que convém distinguir bem as coisas.

    Eu penso que em vez de andarem à caça de supostos piratas, apostassem antes na qualidade e noutro tipo de estratégias.

    Re:Imoral (Pontos:3, Esclarecedor)
    por leitao em 25-09-03 18:55 GMT (#6)
    (Utilizador Info) http://scaletrix.com/nuno/blog/blogger.html
    4. A industria musical e cinematografica ganha rios de dinheiro. Quem gosta mesmo de um grupo compra o CD. Quem gosta mesmo de um filme, vai ao cinema. Quem gosta mesmo de um jogo, compra-o para jogar on-line.

    E o estado nao ganha rios de dinheiro ?


    "I triple guarantee you, there are no American soldiers in Baghdad.", Mohammed Saeed al-Sahaf, Iraqi Minister of Information

    Re:Imoral (Pontos:1)
    por hannibal em 25-09-03 19:06 GMT (#8)
    (Utilizador Info)
    Ganhar não ganha uma vez que só se endivida ano após ano...
    Re:Imoral (Pontos:1)
    por elcastigador em 25-09-03 19:52 GMT (#9)
    (Utilizador Info) http://pedroclaro.no.sapo.pt
    E o estado nao ganha rios de dinheiro ?

    Não. Gasta mas é muito dinheiro mal gasto. Se fosse gerido como uma empresa decente andava tudo nos eixos.

    Re:Imoral (Pontos:2)
    por higuita em 29-09-03 23:35 GMT (#22)
    (Utilizador Info)
    nota-se como essas teorias de o estado funcionar como uma empresa funcionam no EUA... neste momento estao com uma buraco maior do que o criado pelo world tradecenter

    mas concordo que a maior parte do $$ e' mal gasto, o pessoal que o gere gasta o dinheiro sem olhar a custos e a necessidades pura e simplesmente porque nao o considera seu*, e' dinheiro dos outros que ele pode usar e abusar, para nossa infelicidade

    *(por vezes ele ate' o considera seu, tanto que o leva para casa!!)

    Higuita
    Re:Imoral (Pontos:3, Interessante)
    por André Simões em 25-09-03 20:02 GMT (#11)
    (Utilizador Info) http://andre.catus.net
    Eu não defendo a tese de que a pirataria se resolve com abaixamento dos preços. Acho que mesmo que um CD custasse 5 euros a pirataria não diminuiria significatiamente. Defendo o abaixamento dos preços sim mas da mesma forma que defendo o abaixamento dos preços dos livros. Defendo para a pirataria de música e de filmes em larga escala o mesmo que defendo para o criminoso burlão que tem um barco na marina e um Ferrari na garagem e declara rendimentos inferiores aos meus. Portanto a indirecta não me atinge. Para mim o que está em questão, aqui como na discussão a que te referes, é o facto de cair sempre sobre os mais fracos: neste caso uma miúda que ainda anda com as barbies ao colo, e um sexagenário que segundo a notícia até estava inocente. Eles podem ter razão - e têm-na, por muito que custe admiti-lo a muita gente - mas não é processando meninas impúberes e reformados que vão ganhar alguma coisa, bem pelo contrário. Não só o efeito disuasor é mínimo, como perdem aquela que podia ser um aliado fortíssimo: a opinião pública. Eu cá por mim continui a comprar os meus CD's, com algum sacrifício, mas compro. Tenho mp3 no computador, pois tenho, não me vou fazer de hipócrita, mas têm-me servido sobretudo para conhecer bandas novas e comprar os seus CD's. O que a RIAA (ou lá como se chama) nunca entendeu (mas eles são americanos, não são?) é que os efeitos da troca de mp3 na net não são se calhar tão nefastos como pretendem fazer crer. Eu olho para a minha discografia actual, e 99% dos CD's de música moderna que tenho comprei-os deois de ouvir primeiros os mp3. Posso mesmo nomear Dead Can Dance e Lisa Gerrard como as únicas coisas modernas que já tinha antes de começar a ouvir mp3.

    Agora peço eu que compares o efeito na opinião pública, o possível efeito disuasor destas duas afirmações, e sobretudo o resultado final em termos de ganhos morais e financeiros:

    "A PJ prendeu preventivamente um empresário que há anos burlava o Estado em milhões de euros por fuga aos impostos".
    "As produtoras discográficas moveram um processo contra um adloescente que tinha no seu computador dezenas de mp3 de bandas conhecidas".

    Mantenho também que as vitórias que possam ter sobre utilizadores deste tipo são vitórias pírricas, ao contrário das vitórias que obtiveram sobre por exemplo o Napster ou o Audiogalaxy, essas sim retumbantes.

    ---
    Omnia aliena sunt: tempus tantum nostrum est. (Séneca)
    "Tudo nos é alheio: apenas o Tempo é nosso."

    errata (Pontos:2)
    por André Simões em 25-09-03 20:08 GMT (#12)
    (Utilizador Info) http://andre.catus.net
    onde se lê "disuasor" leia-se "dissuasor"
    onde se lê "continui" leia-se "continuo"
    onde se lê "deois" leia-se "depois"
    onde se lê "primeiros" leia-se "primeiro"
    onde se lê "adloescente" leia-se "adolescente"

    Até parece mal eu que ando sempre aqui a bater nos erros ortográficos deixar passar estes em branco ;)

    ---
    Omnia aliena sunt: tempus tantum nostrum est. (Séneca)
    "Tudo nos é alheio: apenas o Tempo é nosso."

    Re:Imoral (Pontos:2)
    por joao em 25-09-03 21:17 GMT (#13)
    (Utilizador Info) http://www.nonio.com
    Defendo o abaixamento dos preços sim mas da mesma forma que defendo o abaixamento dos preços dos livros.

    E não defendes a descida dos impostos?

    Defendo para a pirataria de música e de filmes em larga escala o mesmo que defendo para o criminoso burlão que tem um barco na marina e um Ferrari na garagem e declara rendimentos inferiores aos meus.

    E é o mesmo que defendes para o burlão que não tem sinais exteriores de riqueza mas que foge ao fisco à mesma?

    Eles podem ter razão - e têm-na, por muito que custe admiti-lo a muita gente - mas não é processando meninas impúberes e reformados que vão ganhar alguma coisa, bem pelo contrário. Não só o efeito disuasor é mínimo

    Como é que o efeito dissuasor no caso da pirataria é mínimo e no caso da fuga ao fisco já é máximo?

    como perdem aquela que podia ser um aliado fortíssimo: a opinião pública.

    O que é que aconteceria se o estado perseguisse todos as pessoas que fogem ao fisco?

    Tenho mp3 no computador, pois tenho, não me vou fazer de hipócrita, mas têm-me servido sobretudo para conhecer bandas novas e comprar os seus CD's.

    Esta desculpa faz-me lembrar a daqueles que fogem ao fisco, mas dizem que só fogem um bocadinho. Um recibo verde por passar aqui, uns rendimentos por declarar acolá.

    "A PJ prendeu preventivamente um empresário que há anos burlava o Estado em milhões de euros por fuga aos impostos".

    Estes casos constituem o grosso da fuga ao fisco? Ou será que o grosso da fuga ao fisco se deve a casos do tipo: "O estado moveu um processo contra a Dona Alzira por limpar casas de banho sem passar recibos verdes"

    ----
    joao
    nonio.com - ciência, tecnologia e cultura

    Re:Imoral (Pontos:3, Interessante)
    por André Simões em 25-09-03 23:36 GMT (#16)
    (Utilizador Info) http://andre.catus.net
    Antes de mais, e como já alguém disse, não acho que sejam sequer coisas comparáveis, e eu sei que tu também sabes que não são, pois és homem inteligente e bem informado, mas não me importo de continuar o debate.

    "E não defendes a descida dos impostos?"
    Defendo. Dos escalões mais baixos. Dos indirectos como o IVA. Dos mais altos, se também se descerem os mais baixos.

    "E é o mesmo que defendes para o burlão que não tem sinais exteriores de riqueza mas que foge ao fisco à mesma?"
    Precisamente o mesmo. Quem foge ao fisco está a burlar o Estado.

    "Como é que o efeito dissuasor no caso da pirataria é mínimo e no caso da fuga ao fisco já é máximo?"
    Porque eu queria demonstrar exactamente o contrário do que entendeste: é minimamente dissuasor (eu não disse que não é) nos casos em exposição porque se trata de uma impúbere e de um sexagenário, que não representam de todo o grosso da pirataria. É extremamente dissuasor no caso de entidades como a Napster ou Audiogalaxy, como disse no final do meu comentário. Fazendo o contraponto para o caso dos impostos, não chateia ninguém prender a Tia Jaquina mulher a dias que aldraba nos recibos verdes, mas prender o sr. doutor Sotto Magalhães de Mello e Burnay (nome inventado) se calhar faz pensar muita gente. Não estou a dizer que não se deva prender a tia Jaquina que aldrabou o Estado. Eu não faço distinções nestas coisas. É-se criminoso seja-se o Manuel das Couves seja-se o Engenheiro Fulano, da mesma maneira.

    "O que é que aconteceria se o estado perseguisse todos as pessoas que fogem ao fisco?"
    Viveríamos num país mais justo e com menos problemas de défice.

    "Estes casos constituem o grosso da fuga ao fisco?"
    É o que os jornais relatam, as estatísticas revelam, e o governo assume quando decide baixar os escalões mais altos como quem diz "vá lá, paguem lá".

    "Ou será que o grosso da fuga ao fisco se deve a casos do tipo: 'O estado moveu um processo contra a Dona Alzira por limpar casas de banho sem passar recibos verdes"
    vide supra.

    Concluindo, num caso como noutro o que me incomoda são as proporções. Incomoda-me que uma parte muito significativa do meu salário (não sei a percentagem ao certo, não tenho os recibos em casa, mas posso informar mais tarde quem estiver interessado) vá para impostos, e que haja quem ganhe pequenas fortunas e não pague, despudoradamente. Não aceito o argumento da "falta de motivação". Nunca me passou pela cabeça trabalhar com menos empenho por causa dos impostos a pagar ao fim do mês (eu pago todos os meses, aliás, retiram-mos do ordenado todos os meses), e se passasse era mau sinal, estava no emprego errado. Eu felizmente trabalho por prazer, faço aquilo de que gosto (muito) e ainda me pagam (mal, mas que se lixe). Incomoda-me que o Estado nada ou quase nada faça para combater a fuga aos fisco. Incomoda-me que quando o PS o tentou fazer, pressões de dentro do próprio partido tenham feito o Guterres voltar atrás, e incomoda-me que este governo assuma (ouvi hoje, como já disse, num noticiário de rádio) que a fuga aumentou dramaticamente este ano e que não têm intenções de aumentar o esforço de combate à fuga, e que optem pela solução mais fácil e que não resolve nada do "vá lá, a gente baixa os escalões elevados e vocês pagam 'tá bem?". E nisto assumem que são os grandes empresários e pessoas com grandes fortunas que fogem, precisamente aqueles a quem faria menos diferença no fim do ano no orçamento familiar. Mas isto é um debate que não tem solução, temos pontos de vista muito diferentes, e não nos vamos conseguir convencer um ao outro, além de estar off topic. Sugiro, como já tenho feito em outros debates acesos com outras pessoas, que se quiseres continuemos a discussão por mail (podes vê-lo em http://andre.catus.net , não o ponho aqui porque não gosto de spam), até porque é sempre um prazer debater com pessoas inteligentes e que sabem manter um debate no nível correcto.

    Também no caso em discussão me incomoda a desproporção. Incomoda-me que seja uma miúda de totós e um velhote (o que não é desculpa nem faz deles menos criminosos aos olhos frios da lei - podemos é não concordar com ela), pois não só representam uma agulha num palheiro como, por serem protótipos de figuras frágeis e desamparadas (e se calhar nem são nada, e mesmo que fossem não os desculpava, a lei é igual para todos) vão virar irreversivelmente a opinião pública conta a RIAA. Uma vitória de Pirro. Não me incomodou nada quando foi com o Napster (o que não quer dizer que tenha ficado contente), e teve de facto um efeito dissuasor, pois, que eu saiba, não voltaram a surgir sistemas de troca centralizada com aquelas dimensões. Posso estar a dizer um grande disparate, e se estiver corrijam-me, mas foi a sensação com que fiquei. Claro, o p2p mantém-se e tem crescido. Mas às vezes as coisas podem ser feitas dentro da lei e com o cuidado suficiente para ganhar o apoio da opinião pública. A RIAA (ou RIIA, nunca sei...) tem tido a delicadeza de um elefante furioso numa loja da Vista Alegre. Quando devia ter a opinião pública do seu lado, põe-na contra si.

    ---
    Omnia aliena sunt: tempus tantum nostrum est. (Séneca)
    "Tudo nos é alheio: apenas o Tempo é nosso."

    Re:Imoral (Pontos:2)
    por joao em 26-09-03 0:29 GMT (#17)
    (Utilizador Info) http://www.nonio.com
    Não me incomodou nada quando foi com o Napster (o que não quer dizer que tenha ficado contente), e teve de facto um efeito dissuasor, pois, que eu saiba, não voltaram a surgir sistemas de troca centralizada com aquelas dimensões.

    Os ataques ao Napster foram ataques a um fornecedor de serviços. Na minha opinião o Napster nada tinha de ilegal porque tanto podia servir para trocar ficheiros legais como ilegais. Nos sistemas p2p as ilegalidades são cometidas pelos utilizadores. Estes novos ataques da RIAA são diferentes porque atingem as pessoas que realmente cometem ilegalidades.

    ----
    joao
    nonio.com - ciência, tecnologia e cultura

    Re:Imoral (Pontos:2, Interessante)
    por Anonimus Cobardis em 25-09-03 22:59 GMT (#15)
    (Utilizador Info)
    A indústria discográfica é como a história -- repete-se a si mesma. Nos anos 80, aqui d'el Rei, que as cassetes piratas vão-nos matar o negócio. Nos anos 90, aqui d'el Rei que os piratas asiáticos a copiar cd's vão-nos matar o negócio. No século XXI, aqui d'el Rei, que os mp3 vão-nos matar o negócio. Agora, a pergunta que se impõe, nos 80 a indústria discográfica morreu? Não. Nos anos 90, a indústria discográfica morreu? Não. No século XXI, a indústria discográfica vai morrer? Não me parece.

    Mas, eventualmente, nos dias que correm, algures, alguém que faça parte dos "powers that be" irá aperceber-se que esta caça às bruxas (volta McCarthy, anda caçar háckarus em vez de comunas) é absolutamente estéril e quando muito, masturbação mental. Parafraseando o programador finlandês, "you may feel good, but it doesn't get anything done". Se calhar nessa altura talvez se apercebam da realidade, que em grande medida a culpa da situação é deles, e foram eles próprios que se encurralaram nesse canto. A música é um produto de consumo como qualquer outro, acho que ninguém pode contestar isso, portanto, porque raio é que só se ouve falar na quebra de vendas da música? Todas as indústrias, num momento ou outro, sofrem quebras de vendas, seja sabão, lápis, coca-cola, preservativos, perucas ou bollycaos. A questão é, quando as outras indústrias sentem os bolsos a arder tentam reinventar-se, esforçam-se por agradar ao consumidor, inovando e dando-lhe o que ele quer. A indústria da música faz isso? Não. Senta-se no alpendre, na cadeira de baloiço, qual patriarca decrépito, com a caçadeira nos joelhos, pronto a disparar em qualquer direcção. E aqui é que reside a falha que, em última análise, se calhar até os vai matar mesmo -- o estarem a cagar-se (passando o latim) para nós, que somos os macacos que lhes enchemos os bolsos. É a velha máxima, respeita para seres respeitado. Durante décadas manipularam o mercado a seu bel-prazer, demonstrando uma total falta de respeito por quem os mantinha vivos, portanto é apenas natural que agora ninguém os respeite a eles. Se o que eles querem é cair de podres, força, estão no bom caminho. Até é bom, dão lugar a outros mais jovens, mais dinâmicos, mais ambiciosos, que saibam cativar o consumidor comum a voltar ao seu ritual habitual, de ir à loja de discos. O truque é saber apelar àquele bichinho capitalista que rói dentro de cada um de nós. comprar, comprar, comprar.

    Seja como for, a mim parece-me que a principal causa desta historieta toda -- de ninguém comprar discos -- é muito simples, e eles sabem-na bem: é a total falência artística dos dias que correm. Provavelmente já chegaram à mesma conclusão que qualquer pessoa com QI superior ao da temperatura ambiente já chegou, que a música que eles promovem e vendem hoje em dia não vale um chavelho e não interessa nem ao menino Jesus, na maioria dos casos. Pois é, é que agora já estamos no século XXI, os anos 70 e as grandes bandas de rock 'n roll que eram A quintessência da musica e que lhes alimentava as contas bancárias já não existem ; que os Prince's e Madonnas e Michael Jackson's dos 80's também já lá vão; que o fenómeno de Seattle dos 90's também já morreu há uns anitos. Hoje em dia a música que mandam cá para fora às pázadas resume-se basicamente a Hip-Hop e/ou derivados, e a Nu Metal e/ou derivados. Considerando que o target desses dois géneros está entre as camadas de adolescentes e pré-adolescentes, percebe-se porque é que ninguém compra discos. Adolescentes de 13 anos não tem dinheiro para comprar discos, e mesmo que tivessem prefeririam gastá-lo em telemóveis, ou quaisquer outras parvoíces do genero, que tanto fazem as suas delícias.

    Eu tiro música da net, e não tenho problemas nenhuns em admitir isso, e sinceramente não acho que esteja a fazer nada de errado. A título de exemplo, ainda há uns tempos tirei toda a discografia dos Led Zeppelin. Acontece que eu já tinha toda a discografia dos mesmos, em vinil, mais um ou outro álbum de remasters, em CD, editado mais recentemente. Acontece também já não tenho gira-discos há anos e anos. Lógicamente, se já paguei pelos discos que possuo, não me parecia nada lógico ter de pagar agora outra vez, para os ter sob um outro suporte. Precisamente por isso, resolvi tirar da net. E neste momento já estão os álbuns todos em CD, e ando a ouvi-los no carro. Chamem-me pirata, o que vos apetecer. Simplesmente não me pareceu honesto ter de pagar duas vezes pela mesma música. Também já tirei a maioria dos álbuns dos "Mission of Burma" em mp3 e pareceu-me que tinha legitimidade para tal, porque ainda nem há dois anos trouxe quase toda a sua discografia de Londres, em vinil, e ao que parece não há re-edição em CD. Outro exemplo, e este por acaso até ocorreu hoje -- ao início da tarde comecei a descarregar o novo álbum dos A Perfect Circle. Ás 18 horas estava na Virgin a comprar o original. E diga-se que já tinha também o primeiro álbum desta banda, em versão original, depois de me ter sido dada a conhecer por um amigo, online. Se não fosse pela troca de música online se calhar nunca teria conhecido os APC e comprado os seus discos. O mesmo posso dizer de várias outras bandas, como por exemplo os Archive, os God Machine ou até os portugueses Toranja. Na minha experiência, a troca de música online não diminuiu as vendas, apenas as aumentou. YMMV.

    Ah, e outra coisa, ando há que tempos a tentar encontrar o "Joe's Garage" do Frank Zappa porque _quero_ comprar o original, e não o acho em lado nenhum. No entanto na net, em cinco minutos tenho isso cá. What gives?


    --
    © 1982 Sinclair Research Ltd
    Re:Imoral (Pontos:1)
    por Manuel em 26-09-03 1:10 GMT (#18)
    (Utilizador Info) http://sindominio.net/~manuel/
    eu tenho pensado muitas vezes neste tema e cheguei a conclussões parecidas. quiçá eu sim compro menos música desde que a baixo pela rede, mas isto tb se deve a uns factores como que:

    - no Reino da Espanha há uma associação (SGAE) que se parece muito, pelo menos nos métodos, a esta RIAA. mesmo recentemente, acho que este mesmo mês, conseguiu que se aprovara a aplicação de uma taxa à venda de todo CD virgem, legalizando moralmente portanto a cópia em CDs e de passagem cobrando ilegalmente a quem não utiliza o suporte para copiar ilegalmente. então, copiar é que é "legal" (leiam à brasileira) :) desde há tempo tento comprar só de bandas pouco conhecidas e que creio que realmente merecem que se compre, e com frequência após experimentar o produto das suas músicas na rede.

    - não tenho acesso a lojas assim com muito conteúdo da música da que gosto e os preços são caros, portanto conformo-me com a imperfecção, demora e às vezes não-existência das músicas que procuro da rede.

    no entanto, ultimamente descobri bandas como o Lenine, Banda Bassoti e outras que nunca teria sabido delas seguramente sem ser pola net (a variedade musical das rádios comerciais é assustadora...) posteriormente fui a actuações dessas bandas este mesmo verão. por não falar tb de outras pessoas que descobriram essas músicas através de mim e que tb foram a essas actuações comigo.. enfim, quem é que sai ganhando então?

    força RIAA, acaba com a menina da Barbie :)
    Re:Imoral (Pontos:2)
    por leitao em 26-09-03 9:28 GMT (#20)
    (Utilizador Info) http://scaletrix.com/nuno/blog/blogger.html
    Para mim o que está em questão, aqui como na discussão a que te referes, é o facto de cair sempre sobre os mais fracos: neste caso uma miúda que ainda anda com as barbies ao colo, e um sexagenário que segundo a notícia até estava inocente. Eles podem ter razão - e têm-na, por muito que custe admiti-lo a muita gente - mas não é processando meninas impúberes e reformados que vão ganhar alguma coisa, bem pelo contrário.

    Parece-me que neste caso estas a usar dois casos menos felizes para extrapolar as accoes da RIAA.

    Nao me parece que todos os visados sejam miudas de 12 anos e sexagenarios...


    "I triple guarantee you, there are no American soldiers in Baghdad.", Mohammed Saeed al-Sahaf, Iraqi Minister of Information

    Re:Imoral (Pontos:2)
    por André Simões em 26-09-03 12:58 GMT (#21)
    (Utilizador Info) http://andre.catus.net
    Pois não, mas é os de que se fala no artigo, e a discussão, pelo menos para mim, centrou-se apenas nesses dois casos simbólicos. E não acho, repito, que lá por ser uma menina de totós e um reformado sejam menos culpados aos olhos da RIAA. Acho é que a RIAA corre o risco de que que se tornem mártires aos olhos da opinião pública.

    ---
    Omnia aliena sunt: tempus tantum nostrum est. (Séneca)
    "Tudo nos é alheio: apenas o Tempo é nosso."

    Re:Imoral (Pontos:2)
    por jazzy em 26-09-03 8:04 GMT (#19)
    (Utilizador Info) http://jazzy.weblog.com.pt/
    Apesar de não ser a minha àrea, sei que há muitas teorias que defendem que a evasão fiscal é proporcional à respectiva carga, ie, quanto maior for a carga fiscal, maior é a evasão fiscal.

    Aliás, sempre que um governo toma medidas para aumentar a carga fiscal, este é um dos argumentos usados pelas oposições.


    Jazzy

    Pequena correcção (Pontos:2)
    por MacLeod em 25-09-03 19:00 GMT (#7)
    (Utilizador Info)
    Não era um escultor, mas sim uma escultora de 66 anos.

    Sarah Seabury Ward, of Newbury, Massachusetts, was accused of illegally sharing more than 2,000 songs through Kazaa, including rapper Trick Daddy's "I'm a Thug."

    Está-se mesmo a ver...

    uma bela ideia (Pontos:2, Interessante)
    por edsousa em 25-09-03 21:35 GMT (#14)
    (Utilizador Info) http://www.cafeina.org/
    bem, com isto a RIAA está mesmo a ver se perde a opinião pública...

    mas aqui reproduzo uma ideia que li no outro dia algures (lamento não poder citar a fonte): pelos vistos cada jovem americano gastava em média 60 dólares anuais em CDs antes do napster aparecer. imaginemos um serviço P2P PAGO, consentido pela RIAA, em que poderíamos fazer download do que quisessemos por 10 dólares mensais (estilo o Emusic mas com oferta infinitamente mais diversa). isto resulta em 120 dólares por ano! a RIAA mais que duplicaria os seus lucros (pois deixava de ter gastos de empacotamento e distribuição tão 'altos' - 1 dólar por CD actualmente?), ficava bem vista e todos ficavamos satisfeitos - eu sei que seria cliente e continuaria a comprar em disco certos CDs. e os músicos, é óbvio, receberiam de forma proporcional ao tráfego das suas músicas.

    o problema: o facto do copyright se ter tornado numa religião, já totalmente afastado do espírito original...

     

     

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