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Taxa TV
Contribuído por joao em 24-12-02 11:22
do departamento de-cobranças
Portugal vd escreve "Depois do plano de restruturação da RTP e empresas do "grupo", o ministro Morais Sarmento quer que a Taxa TV volte a entrar nos bolsos dos contribuintes.

Em recentes declarações à TSF, refere que a Taxa TV deveria entrar na factura da EDP, já que quem consome muito (electricidade) pagaria mais taxa.
O ministro ainda diz que esta medida de indexar a taxa pretende introduzir "justiça social".

Sabendo dos problemas financeiros deste governo deixados pelo outro (e muitos certamente cometidos agora), será boa ideia aplicar (mais) uma taxa destas ?

Lá por ter electricidade poderei não usufruir da tv pública.
Lá por consumir bastante electricidade poderei até nem possuir televisor. "

Terràvista - chegou ao fim??? | Feliz Natal...  >

 

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    Mais uma taxa... (Pontos:3, Interessante)
    por jneves em 24-12-02 11:30 GMT (#1)
    (Utilizador Info) http://silvaneves.org/
    Bem, vou ficando habituado:

    - O portátil não mo vendiam sem Windows.
    - A netcabo não ma instalavam sem pagar o serviço básico de tv cabo.
    - Agora a electricidade vem com a taxa de televisão.

    A taxa da rádio na factura de electricidade ainda lá vai (eu oiço rádio, só não tenho é televisão), embora o meu avô continue a achar estranho porque é que paga taxa de rádio no contador da horta que só serve para o motor do furo...

    Parece que é o país em que vivemos...
    Re:Mais uma taxa... (Pontos:2, Esclarecedor)
    por mvalente em 24-12-02 11:48 GMT (#2)
    (Utilizador Info) http://www.ruido-visual.pt/
    A partir do momento em que, para trabalhar, é preciso aceitar pagar a reforma e a saude dos outros (aka Segurança Social) seguindo o principio altruista/colectivista/socialista de "os mais ricos pagam mais", então é preciso aceitar todas as outras conclusoes "morais". Quem usa mais carro paga mais portagens, quem cria mais emprego paga mais impostos, quem usa mais a saude paga mais saude, quem pode pagar mais electricidade paga mais "taxas sociais".

    Cumprimentos

    Mario Valente

    Re:Mais uma taxa... (Pontos:3, Interessante)
    por jneves em 24-12-02 12:04 GMT (#3)
    (Utilizador Info) http://silvaneves.org/
    Estranho, sempre pensei que a lógica de "quem usa mais, paga mais" era exactamente a oposta da segurança social, onde quem usa mais (leia-se recebe mais subsídios) é exactamente quem paga menos.
    Re:Mais uma taxa... (Pontos:2)
    por mvalente em 24-12-02 13:09 GMT (#4)
    (Utilizador Info) http://www.ruido-visual.pt/
    Para que quem usa mais possa pagar menos, é preciso que alguém pague mais quando de facto usa menos...

    É precisamente do que te estavas a queixar: usas pouco televisão mas tens de pagar mais do que usas para cobrir os que usam muito e pagam pouco.

    Cumprimentos

    Mario Valente

    Re:Mais uma taxa... (Pontos:3, Esclarecedor)
    por jneves em 24-12-02 13:33 GMT (#6)
    (Utilizador Info) http://silvaneves.org/
    Tudo bem, só não tinha percebido o que é que isso tinha a ver com o "Quem usa mais carro paga mais portagens" e os outros exemplos.

    De qualquer modo não considero que a tua lógica de que aceitar a Segurança Social (ou mesmo o sistema de impostos) implique aceitar este tipo de taxas. Para mim mecanismos como a Segurança Social servem para evitar que uma parte da sociedade se encontre abaixo de um determinado nível de sobrevivência. É este objectivo que me faz, pessoalmente, aceitar que é um sistema que considero útil (apesar dos seus vários problemas).

    A taxa de televisão, segundo me parece, vai ser usada apenas para garantir o controlo de uma estação televisiva por parte do governo (seja este ou outro). Por aí não me parece justificável fugir às leis de mercado, como penso que acontece no caso da Segurança Social.

    Nunca me pareceu mal fechar empresas públicas por falta de fundos. Afinal não é o que devia acontecer também nas privadas ?
    Re:Mais uma taxa... (Pontos:2)
    por nmarques em 24-12-02 13:51 GMT (#8)
    (Utilizador Info) http://morgul.xpto.org
    Seguranca Social ? Aquela que dentro de 18 anos estara' falida ? Nota que em cerca de 60 anos Portugal tera' menos 1 Milhao de habitantes, a seguranca social outrora capaz de ajudar o governo a superar custos de guerra, hoje esta falida... Quem depender da Seguranca Social no futuro, bem que vai ter um grave problema.

    --------------------------------------------
    If there is such a thing as too much power...
    I've not discovered it.../I
    Re:Mais uma taxa... (Pontos:2)
    por Cyclops em 24-12-02 18:08 GMT (#22)
    (Utilizador Info) http://www.1407.org
    Por isso é que é ideal deitá-la abaixo em vez de a melhorar, ou assim alguns pensam...
    Re:Mais uma taxa... (Pontos:2)
    por mvalente em 24-12-02 20:37 GMT (#26)
    (Utilizador Info) http://www.ruido-visual.pt/
    De qualquer modo não considero que a tua lógica de que aceitar a Segurança Social (ou mesmo o sistema de impostos) implique aceitar este tipo de taxas.

    Mas implica. A partir do momento que defines uma moral (ie "whats right and whats wrong"), tens que tomar decisoes baseadas nessa moral. Se umas vezes a segues e outras vezes nao... é imoral

    O capitalismo "selvagem" (como alguns gostam de lhe chamar; "puro" diria eu....) pelo menos é moral: não há impostos. Ponto. Nem mesmo quando "era bonito, porreiro, coitadinho precisa de ajuda".

    Cumprimentos

    Mario Valente

    Re:Mais uma taxa... (Pontos:2)
    por jneves em 30-12-02 16:30 GMT (#31)
    (Utilizador Info) http://silvaneves.org/
    Desculpa o atraso na resposta, mas fui de férias de computador entretanto.

    Discordo da tua moralidade absoluta. Para mim a minha moral é diferente. Para mim há valores mais importantes que o mercado, como a sobrevivência.

    Para sua própria protecção a sociedade a sociedade deve garantir uma determinada estrutura, quer a nível económica, quer de saúde, quer de justiça. Aquilo a que a nossa constituição chama direitos, liberdades e garantias.

    Depois de dadas estas garantias a todos os cidadãos, acredito num mercado a funcionar. O mercado "puro", como lhe chamas, tem tido uma tendência para criar grupos demasiado ricos e outros demasiado pobres. Por "demasiado" entenda-se que os "pobres" chegaram a um ponto em que, para eles, matar os "ricos" para lhes ficar com a "massa" era aceitável.
    wtf ? (Pontos:2, Esclarecedor)
    por moonrider em 24-12-02 13:28 GMT (#5)
    (Utilizador Info)
    O objectivo é conseguir cobrar mais dinheiro aos contribuintes ( sim, os mesmos de sempre, claro ), mas porque raio não aplicam a taxa de TV apenas a quem tem TV ? Juntar com electricidade ou a outra porcaria qualquer não faz o mínimo sentido ( até nem faz sentido uma taxa de TV ou de rádio independente dos impostos que já são pagos ).
    Não há forma de fiscalizar se a pessoa tem ou não TV ? Óptimo, não criem a taxa.
    Re:wtf ? (Pontos:2, Interessante)
    por Init em 24-12-02 14:01 GMT (#9)
    (Utilizador Info)

    Podem ter TV e não a utilizarem para ver canais de TV.
    Esse tipo de taxa é absurda pois, tál como a da radio e que querem implementár com a EUCD, presume que somos "culpados". Daqui a nada criam a taxa para o acesso à Internet.

    Fiquem bem!


    Re:wtf ? (Pontos:2)
    por André Simões em 24-12-02 14:19 GMT (#12)
    (Utilizador Info) http://hesperion.catus.net
    Daqui a nada criam a taxa para o acesso à Internet.

    Xiu! Não dês ideias à ministra!
    --- Omnia aliena sunt: tempus tantum nostrum est. (Séneca)

    Re:wtf ? (Pontos:1)
    por lbruno em 24-12-02 21:36 GMT (#27)
    (Utilizador Info) http://click.here.for.something.useful.yi.org/
    Não dês ideias à ministra!

    Se algum dos ministros ou os seus acessores viessem aqui ao Gildot, terias razão para te preocupares.


    Cheers,
    Luis Bruno

    Senhor Feudal (Pontos:3, Interessante)
    por nmarques em 24-12-02 13:46 GMT (#7)
    (Utilizador Info) http://morgul.xpto.org
    Bah, mais vale voltar 700 anos atras, e pagar impostos ao Senhor Feudal para ele poder ir participar num torneio qualquer...

    Isto e' no mimino irritante, de qualquer forma, cada um tem aquilo que merece, e se o povo Portugues decidiu em eleicoes livres optar por este governo, sem qualquer forma de coaccao, entao, AGORA AGUENTEM... Quanto ha' questao das minorias, isto e' uma democracia, as minorias nao teem direitos nenhums, logo nao se queixem!.

    --------------------------------------------
    If there is such a thing as too much power...
    I've not discovered it.../I
    Re:Senhor Feudal (Pontos:1)
    por Init em 24-12-02 14:05 GMT (#10)
    (Utilizador Info)

    Será que escolheu?
    Eu não escolhi!!
    Esta coligação que governa não se apresentou para eleições. E os partidos que a compõem, também não apresentaram este programa.
    É melhor não esquecer que o PSD só teve mais 2% do que o PS.

    Fiquem bem!


    Re:Senhor Feudal (Pontos:2)
    por nmarques em 24-12-02 14:14 GMT (#11)
    (Utilizador Info) http://morgul.xpto.org
    Esta coligacao tem mais de 50% no parlamento, azar dos azares... logo tem poder dominante... os 46/47% do PS nao chega para nada... Se tu nao escolheste, eu tambem nao, mas alguem escolheu, como disse, as minorias numa democracia sao irrelevantes.

    --------------------------------------------
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    Re:Senhor Feudal (Pontos:2)
    por humpback em 24-12-02 16:56 GMT (#18)
    (Utilizador Info) http://www.felisberto.net
    parece que as pessoas ligadas a este governo não sabem a diferença entre democracia e fraude. Sem duvida nenhuma que se 50%+1 dos deputados fossem do psd estava tudo bem, agora uma coligação pós eleitural não tem esse direito moral. É claro que para muita gente moral e democraçia não andam a par.
    Gustavo Felisberto
    72ef1d7183eb2ea89420b94c0cf3e1f1
    apt-get install anarchism
    Re:Senhor Feudal (Pontos:2)
    por Cyclops em 24-12-02 18:57 GMT (#24)
    (Utilizador Info) http://www.1407.org
    Pelo contrário, as minorias são importantes numa democracia... podem significar se há um governo de maioria absoluta ou não! O caso prático mais recente ainda está em estudo, aguarda-se a nota no exame final....
    Ja nao compensa (Pontos:1)
    por tOkIo em 24-12-02 14:32 GMT (#13)
    (Utilizador Info)
    A tv de graça ja e muita má ... pagar p ver akela m*rda ...
    __tOkIo
    Eu até vejo a RTP2 (Pontos:2, Esclarecedor)
    por sincronia em 24-12-02 14:42 GMT (#14)
    (Utilizador Info) http://www.haxmen.org/
    A sério, eu vejo a RTP2, não corro a programação de fio a pavio, mas como guardo gratas recordações desse canal, custa-me deixar de o ver... Até porque foi lá que descobri preciosidades como Monty Python's Flying Circus, O Sr. Archie Bunker e a sua defesa pragmática (dogmática :) ) do seu "way of life", é lá que, à hora que os outros canais nos chateiam a molécula com telenovelas e concursos de estucha, passa comédia (boa ou má, não me cabe julgar), e é lá que existia a Liga de Cavalheiros, ou um Show bastante "rápido".

    Mas o facto de gostar do dito canal, não me leva a aceitar a "justica" de uma taxa absurda. A diferença entre imposto e taxa, segundo o meu professor de fiscalidade orbitava na definição de pagamento por capital para o primeiro e para um serviço para o segundo. Ora aqui falha pela primeira vez a definição desta transferencia em bruto para os cofres de um estado que ao afogar-se no mar do défice a cumprir, não tenta nadar por meios próprios, mas que agarra em cada um de nós para servirmos de degraus onde o mesmo se apoia.

    Sem mais demoras, aqui seguem as razões da minha desconfiança nesta actuação.

    1º. Há quem não veja TV, aceito. Há quem não goste da TV "do estado", aceito. Temos todos que pagar por algo que apenas alguns usufruem? *Não aceito*. E o mesmo se põe para a taxa da rádio, não ouço nada da RDP, porque tenho que pagar? Se bem se lembram disse que gostava da RTP2, pois bem, tal como gosto estou disposto a pagar, não uma taxa, mas um serviço de subscrição, tal como os canais codificados da TVCabo, das TVs por stélite. Não me importo, aliás, até prefiro, pelo poder que me dá sobre qualquer alteração que me desagrade já que posso sempre deixar de subscrever, deixando de poder contar com o meu dinheiro. Será tornar a TV um produto mercantilista? Por um lado sim, mas e depois? Por outro lado não, pagava para que a RTP2 se mantivesse como está. Pagava para que não se tornasse noutra RTP1, ou SIC, ou TVI. Pagava para que não se tornasse execrável. Mas pagava pelo serviço, um custo, não uma taxa.

    2º. Porque há-de o estado ter de ter uma TV? Não é pelo papel pedagógico que certamente não existe no "Elo Mais Fraco", ou pela informação isenta que não existe em lado nenhum que tenha o dedo do executivo, desde a Lusa às RTPs a informação é frequentemente tendenciosa ou omissa, conforme a disposição. Porque temos de pagar pode uma estrutura deficiente? Se os Hospitais passaram a S.A. porque é que a RTP se mantém firme no herário público?

    3º. Não há transparencia. Se a taxa e cobrada para as RTP/RDP, então que parte dessa cobrança se destina de facto a essas instituições, quanta poderá ser alocada a outros projectos? E dos montantes que lá são gastos, para onde vão, porque vão? Mas isso é pedir demais, nem a comissão do Euro2004, que supostamente teria de entregar um relatório trimestral de progressos o faz. Sem que ninguém se chateie ou pergunte porquê... Eu sei. Eu perguntei porquê, tenho os emails a empurrar de um lado para o outro e de gente a negar esforços. E depois tenho as exposições aos blocos de esquerda, centrais, de direita. Todas sem resposta.

    4º. Porque se um estado de direito quer deter uma "função social", a TV neste caso, cria condições para conseguir atingir o objectivo. Estrutura-se para tal. Ou seja acumula poder financeiro para levar a ideia em frente. Como uma empresa, estão a ver? Mas falta a acção... onde está a privatização das empresas detidas pelo IPE, o famigerado Instituto de Participações do Estado? Porque há uma tão grande proximidade entre a Companhia das àguas, o Instituto da àgua e o Governo? Pela estratégia nacional? Bullshit! Para terem o lugar à espera quando chegar a vez do próximo executivo... ahhh, pois! Até faz sentido, não é. Querem fazer coisas? Precisam de Aumentar a restrição orçamental? Livrem-se de participações... Livrem-se da PT, da EPAL, das SMAS, da EDP, da Portucel. "Deixem-nos trabalhar", lembram-se? Regule-se o direito de actuar e não a forma de o fazer, ao estado cabe o papel de regulador. Apenas e só.

    5º. Porque o modelo actual, baseado em políticas macroeconómicas com mais de 50 anos, já não se adequa à realidade, faça-se de outra forma. Querem um exemplo? A segurança social está à beira do colapso, pois bem, eu não quero a minha reforma. Também não quero os serviços de saúde pública, aliás não quero serviço nenhum do estado! É de lei que tenho de ter... assim seja, mas vou para o sector privado, onde faço um seguro de saúde, um seguro de emprego (sim, existem), um plano poupança reforma... agora digam-me lá para que preciso eu do estado e de pagar à segurança social? Se houver quem queira, pois que se crie um modelo semelhante para o estado... eu, por mim, vou continuar a preferir quem acho que tem melhores competencias de gestão.

    Enfim, só me resta lembrar que o downsizing já foi feito no resto do mundo há muito tempo, só nós e o resto do terceiro mundo parecemos esquecer que "menos estado, melhor estado" é a única maneira de viajar... Isso e a gestão de capital por objectivos. É tão simples, porquê atirar tanto entrave para a engrenagem?

    Tenho dito.

    Clique aqui, faça-se ouvir.
    Re:Eu até vejo a RTP2 (Pontos:1)
    por sincronia em 24-12-02 14:50 GMT (#16)
    (Utilizador Info) http://www.haxmen.org/
    Isso é citação? Espero bem que não seja, porque o que eu disse foi o contrário... Só se me enganei a escrever.

    Tenho dito.

    Clique aqui, faça-se ouvir.
    Re:Eu até vejo a RTP2 (Pontos:2)
    por mlopes em 26-12-02 11:41 GMT (#28)
    (Utilizador Info)
    Os numeros aqui são irrelevantes, sejam poucos ou muitos, são sempre "alguns", e não temos "todos" que pagar por "alguns".

    If you don't have time to do it right, where are you going to find the time to do it over?

    *sigh* (Pontos:1, Despropositado)
    por Cyclops em 24-12-02 15:04 GMT (#17)
    (Utilizador Info) http://www.1407.org
    Estamos a falar de um estado que esta a aprovar leis que ilegalizam práticas legítimas, em que a Liberdade de Expressão que está na Constituição é para inglês ver, e onde cada vez mais vinga a lei do mais forte... acho que ainda vou dar em eremita, por este andar. :|
    Re:*sigh* (Pontos:2)
    por mlopes em 26-12-02 11:42 GMT (#29)
    (Utilizador Info)
    Despropositados????
    Acho que estás a ser vitima da censura laranja, aqui no próprio Gildot!

    If you don't have time to do it right, where are you going to find the time to do it over?

    Queremos ser clientes ou produtos? (Pontos:1)
    por jmce em 24-12-02 17:26 GMT (#20)
    (Utilizador Info) http://jmce.artenumerica.org/

    Cá vamos nós outra vez...

    À parte discussões (que devem fazer-se) sobre se a RTP está ou não a fazer devidamente serviço público e sobre a forma como o pagamento é distribuído pela população e sobre a forma como os pagantes podem participar das decisões sobre a TV que pagam, prefiro de longe pagar uma taxa de televisão e ser eu um cliente mais directo, por oposição à predominância do suporte publicitário (ou até do suporte extraído dos impostos gerais, em fracção desconhecida).

    No modelo de puro suporte publicitário, os clientes não são os espectadores, mas sim os anunciantes. E quem paga fá-lo na expectativa de que alguém veja a publicidade, o que faz de nós, da nossa atenção, do nosso tempo, o produto. Do ponto de vista da estação de televisão, especialmente de uma estação puramente comercial onde a única métrica realmente importante é o lucro, uma boa performance corresponde a minimizar o custo do "isco" usado e maximizar o rendimento em "produto".

    A qualidade do isco é por si pouco importante: qualquer coisa suja e que se mexa serve se for eficaz a apanhar produto. Se achássemos atraente ver um balde de minhocas o dia inteiro no écran, bem que usariam isco desse.

    ... a não ser que acreditemos no ar levemente chocado que Francisco Balsemão tentou aparentar uma vez perante o que lhe pareceu uma "insinuação" de que a grelha de programação da SIC era condicionada por "interesses comerciais".

    Mas se ele esperava ingenuidade do lado de quem o ouvia, talvez tivesse razão. Afinal basta usar-se a palavra "taxa" e fica quase toda a gente indignada. Que coisa estranha, esta de se pagar a programação que se vê, pensa o Antunes no hipermercado. Esquecendo-se que ao pagar as comprinhas está a pagar:

    • os produtos que comprou;
    • programação de TV;
    • e ainda... publicidade (no que diz respeito à produção do anúncio propriamente dito).

    Ingenuamente podemos também pensar que continuamos a poder fazer o dinheiro falar através do que compramos ou não dos produtos anunciados. Podemos mesmo, tendo em conta a dispersão de patrocínios e da publicidade que sustenta as grelhas de programação? Como, passando a ser eremitas ou mudando de planeta? Mesmo que alguma empresa mais dada à "filantropia", ou preocupada com "manifestações de massas" (onde estão as manifestações?) a boicotar os seus produtos, fosse sensível aos nossos apelos por uma programação melhor (e lhe restasse bom-senso q.b. para sobreviver), conseguiria sozinha induzir alguma diferença na qualidade do isco, para além de um patrocínio ou outro de "prestígio" num canto remoto da programação?

    Quando muito, os anunciantes condicionarão a programação no sentido de não terem próximo da sua mensagem algo que prejudique a "buying mood" dos espectadores, o que se manifesta em aspectos tão banais como a preferência pelo cinema popcorn-oriented e noutros mais sérios como a superficialidade noticiosa/infotainment. É natal, nada pode correr mal.

    É por isso que acho interessantes (lá vai publicidade outra vez) iniciativas como a Radio Paradise, alternativas à homegeneização dos media como a trazida ao rádio nos EUA pela Clear Channel). Esse é um (ainda pequeno) meio onde ainda conseguimos fazer o dinheiro falar: a única publicidade apresentada (na WWW) é a lojas onde se pode comprar CDs com a música que é passada, complementando o suporte financeiro que é voluntariamente dado pelos próprios ouvintes.

    Não sei se é particularmente portuguesa esta "esperteza" do "ah, se não é obrigatório (ou se é obrigatório mas ninguém me vigia) eu não pago". Mal estaremos se ficarmos à espera que seja a publicidade a dar-nos "almoços grátis". O melhor almoço não será certamente o nosso, enquanto espectadores, O nosso dinheiro já paga e fala, mesmo que nem demos por isso, e o que ele diz é mais ouvido do que o que quer que resmunguemos por aqui sobre a qualidade da TV e do resto. Por isso é boa ideia tentar que o dinheiro fale de forma mais consciente, reflectindo melhor aquilo que queremos realmente dizer.

    Re:Queremos ser clientes ou produtos? (Pontos:2)
    por jmce em 24-12-02 18:13 GMT (#23)
    (Utilizador Info) http://jmce.artenumerica.org/

    E sim, acho que deve existir TV pública, se funcionar bem, pelo alcance que a TV tem e pela importância de ajudar a descobrir coisas novas. No geral está mais que visto que há uma série de papéis que as privadas não vão desempenhar.

    Eu tenho alguns pequenos exemplo meus. Um já dei aqui: não seria pela família ou pela escola que eu teria descoberto que podia gostar de ler/assistir a peças de Shakespeare. Em vários dos interesses que acabei por ter (alguns deles bem mais fundamentais do que o gosto por Shakespeare, para quem achar isso simplesmente supérfluo) a RTP teve algum papel, um papel que não vejo hoje nem a Sic nem a TVI desempenharem (aliás, cada vez menos). E a própria RTP acabou por se demitir em parte dessa função.

    É como disse em algumas discussões tidas aqui sobre educação, onde falei de o ensino ter de dar um mínimo de oportunidades à partida e de isso algumas vezes ter sido confundido com assegurar igualdades artificiais à "chegada" (começando por redefinir a avaliação para poder indiscriminadamente dizer que todos tiveram "sucesso"): o Estado (logo nós todos, através de impostos/taxas) não pode "dar" tudo nem deve garantir sucessos e muito menos luxos, mas considero importante, estratégico, que se aposte num mínimo de "pontos de partida". Seria bom que pudéssemos, mas por enquanto parece-me que não podemos, dispensar a TV como forma de fazer chegar alguns desses "pontos de partida" a parte da população que não tem acesso a mais nenhum, especialmente o pessoal novo que ainda não tem propriamente grande controle ou responsabilidade do seu próprio "destino".

    E que obrigação tenho eu de pagar taxa para o caso de meia dúzia de pessoas decidir de vez em quando mudar de canal da Sic ou da TVI para a RTP e ver, uma vez ou outra, algo diferente? Não tenho grande competência para discutir formas de organização da sociedade e estratégias educativas; não tenho grandes dados sobre o que se passa noutros países neste campo; só posso responder sobre as minhas impressões e sobre o que eu preferiria fazer com base nelas:

    Independentemente de todos os outros problemas do ensino, um problema crucial é o da motivação: mesmo um fulano que possa não ser muito talentoso pode ficar com uma atitude completamente diferente no dia em que descobre que gosta de um assunto: puxando por essa ponta, o resto acaba muitas vezes por vir atrás, por piores que conjunturalmente sejam a escola, os professores, o meio social. Mal ou bem, passa-se muito tempo a olhar para a TV. Ao menos que para uma pessoa, de vez em quando, isso sirva para ajudar a descobrir um gosto, a alargar fronteiras. No fim ganham os outros também.

    Por isso, se depois de anos e anos a pagar taxa de TV, com uma RTP que tente manter alguma integridade e qualidade, um único miúdo num canto qualquer do país descobrir que gosta de "outra" música, ou de ciência, ou simplesmente tiver "descoberto" Shakespeare, e seguindo uma dessas pontas uma meada relevante se desenrolar na vida dele e das pessoas à volta dele... acho que valeu a pena.

    E depois há a questão do jornalismo, mas essa é outra história, bastante mais complexa... e o tempo agora é pouco.

    Re:Queremos ser clientes ou produtos? (Pontos:2)
    por mlopes em 26-12-02 11:53 GMT (#30)
    (Utilizador Info)
    Já foi sugerida por ai uma solução de financiamento dos canais publicos mais aceitável do que a taxação, porque se a publicidade faz da atenção dos telespectadores um produto, o pagamento de uma taxa sem nenhuma opção, faz de nós pagadores de algo que podemos não querer e nem sequer gostar, a sugestão que alguém fez foi a da subscrição dos canais como já acontece com alguns canais comerciais, como por exemplo a "Sport TV", esse método faz com que o produto passe a ser a programação, pois ninguêm está disposto a pagar para andar a comer com sequências interminavéis de anúncios e nada de conteúdo.
    Claro que se pode dizer, que a televisão pública só para subscritores não é pública, mas o pagamento por um serviço de televisão não desejado cria então uma "televisão pública obrigatória" pouco falta para qq dia sermos obrigados a estar todos em frente à televisão às 21:00 para ouvirmos o discurso obrigatório do Sr. Barroso.

    If you don't have time to do it right, where are you going to find the time to do it over?

    Re:Mais uma taxa... (Pontos:1)
    por Mulder3 em 24-12-02 17:59 GMT (#21)
    (Utilizador Info)
    Só um reparo: quem gere a rede de trasminssões da RTP e SIC é a PTcomunincações, a RTP e a SIC pagam á PT, convem lembrar que PT=!Estado, a PT é um empresa privada!

     

     

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